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segunda-feira, setembro 01, 2003

Hemingway: Como condensar os clássicos... 

Quase terminaram o trabalho de condensar os clássicos. Trata-se de um pequeno grupo de condensadores entusiastas, supostamente subvencionados por Andrew Carnagie, que têm trabalhado durante os últimos cinco anos para reduzir a literatura mundial a bocados comestíveis para consumo do esgotado homem de negócios.
Os Miseráveis foram reduzidos a dez páginas. Parece que o Dom Quixote ocupa uma coluna e meia. As obras teatrais de Shakespeare não ultrapassam as oitocentas palavras cada uma. A Ilíada e a Odisseia cabem no texto de um componedor e meio.
É algo magnífico colocar os clássicos ao alcance do homem de negócios cansado ou retirado, ainda que estigmatize a intenção de colégios e universidades de colocar o homem de negócios ao alcance dos clássicos.
Contudo, existe ainda um modo mais rápido de apresentar o assunto a quem tem de correr enquanto lê: reduzir toda a literatura a títulos de imprensa, seguidos de uma pequena nota que resuma o assunto.
Por exemplo, O Quixote:

CAVALEIRO DEMENTE NUMA LUTA ESPECTRAL


Madrid, Espanha (Agência de Notícias Clássicas) (Especial)
.
Atribui-se a histerismo de guerra a estranha conduta de
don Quixote, um cavaleiro local que foi preso ontem de manhã
enquanto «combatia» contra um moinho.
Quixote não soube dar uma explicação dos seus actos.

Ernest Hemingway, Como condensar os clássicos, artigo publicado no The Toronto Star Weekly, em 20 de Agosto de 1921

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